Em seus primeiros jogos pelo Real Madrid, Kylian Mbappé já vem causando impacto — inclusive com hat-trick em partidas decisivas da Champions League. No entanto, mesmo após uma goleada expressiva, o atacante francês deixou o campo visivelmente chateado. O que há por trás dessa reação? Vamos mergulhar nos fatores que explicam essa estranha mistura de brilho e insatisfação.
No duelo entre Real Madrid e Kairat, Mbappé foi absolutamente protagonista. Ele ontem marcou três gols, contribuindo decisivamente para a vitória por 5 a 0 na Champions League. ESPN.com Mas, apesar do desempenho ofensivo de destaque, o camisa 10 reconheceu que teve chances desperdiçadas — e elas o incomodaram profundamente. ESPN.com
A frustração de Mbappé aparentemente vem da consciência de que poderia ter feito ainda mais. Em um momento emblemático, ele recebeu um passe de Vinícius Jr. e, com o gol praticamente aberto, errou o acabamento — mandou para fora. ESPN.com Esse tipo de erro incomoda um atacante de elite: ele espera transformar quase todas as chances em gols.
Após esse lance, foi visível o impacto emocional: ele tirou a camisa, passou a morder o uniforme, revelou abatimento — atitudes mais simbólicas do que racionais, mas que mostram quão exigente Mbappé é consigo mesmo. ESPN.com
As declarações dele deixaram claro que três gols “não são suficientes”. “Três está bom, mas eu poderia ter feito mais”, disse Mbappé, com a promessa de trabalhar para ser ainda mais eficiente na frente do gol. ESPN.com Ele ainda disse acreditar que o Real Madrid o contratou para levar esse tipo de responsabilidade: não só marcar, mas superar expectativas. ESPN.com
Essa autocrítica reflete algo importante: jogadores desse nível tendem a medir seu sucesso não apenas pelos feitos visíveis (gols, assistências) mas pelas chances que deixaram de transformar. Na cabeça desse tipo de atleta, há uma linha tênue entre satisfação e tormento interior.
Mbappé chegou ao Real Madrid carregando expectativas altíssimas. Não basta ser apenas um reforço: espera-se que ele seja protagonista imediato, que resolva jogos difíceis, que leve o clube a títulos. Essa pressão extrínseca intensifica qualquer deslize — especialmente para quem já se acostumou a brilhar.
Além disso, os torcedores e a mídia fazem uma leitura imediata: se um atacante perde chances claras, isso será questionado, mesmo após hat-trick. Em outras palavras, o “milagre realizado” pode ser ofuscado pelos “dois milagres que não se realizaram”.
Fazer hat-trick não é tarefa simples, mas para Mbappé isso é quase obrigação quando veste a camisa do Real. Ele já soma 60 gols na Champions League. ESPN.com Porém, ele não quer apenas entrar em rankings — quer ser letal, decisivo, inesquecível.
Essa mentalidade está ligada a ambições maiores: disputar e vencer finais, marcas históricas, deixar legado. Ele sabe que o caminho não é cheio de glórias retóricas: é preciso criar, converter, fazer diferença. Por isso, cada chance perdida pesa. E pesará ainda mais nos jogos que realmente importam.
Mbappé saiu do jogo com uma goleada, hat-trick, elogios e estatísticas brilhantes. Mas no íntimo, ficou a impressão de que “poderia ter sido ainda maior”. Essa tensão entre o que é visível ao público (os gols, o placar) e o que é invisível (as chances perdidas, a autocrítica) é talvez o traço mais interessante do atleta moderno: o sucesso se mede não só pelo que se fez, mas pelo que se quis fazer — e não conseguiu.
No fundo, Mbappé mostrou que ainda está com fome. Que, mesmo triunfando, quer mais. E é essa sede que faz dele um jogador diferente — mas também torna qualquer falha loucamente insuportável para ele mesmo.
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